Por Camila Sehn, de Venâncio Aires (RS)
Imagens: Daiana Nervo (assessoria da prefeitura)
Venâncio Aires, assim como outros municípios do Rio Grande do Sul, vive momentos de tensão em função das chuvas intensas que assolam o estado. Mais de 25 mil pessoas foram atingidas pela enchente no município, que conta com 72 mil habitantes. Moradores da cidade e do interior tiveram que sair de suas casas para se proteger em abrigos instalados pela Prefeitura. No total, foram três locais disponíveis para acolher famílias – Ginásio de Linha Mangueirão, Ginásio de Estância Nova, e na Sercsate, no bairro Santa Tecla – que atualmente contam com mais de 300 pessoas.
Além disso, a Prefeitura montou um espaço junto ao Pavilhão São Sebastião Mártir para arrecadação de doações. Itens de higiene e limpeza, colchões, roupas de cama e banho, alimentos e água potável estão entre os itens de mais necessidade neste primeiro momento da campanha. No mesmo local é oferecido para que pessoas de localidades atingidas possam realizar um cadastro e, logo após, a retirada de itens. Mais de 3,5 mil pessoas estão sendo beneficiadas.
Venâncio Aires teve duas vidas perdidas. O casal Delso, 75 anos, e Cleci Bergenthal, 73 anos, foi retirado sem vida da casa onde residiam em Picada Mariante. Os corpos foram encontrados pelo Corpo de Bombeiros, no domingo (5).
As atividades escolares da rede municipal de Venâncio Aires, tanto Ensino Fundamental quanto Educação Infantil, estão suspensas por conta das consequências das enchentes. A decisão leva em consideração a segurança das crianças e profissionais e a falta de estrutura para atender. Nas escolas de Ensino Fundamental o recesso, inicialmente agendado para julho, será antecipado parcialmente para esse período. Muitos prédios também sofreram avarias, móveis e material de trabalho foram destruídos.
Na semana passada iniciaram os trabalhos de recuperação de estradas e a reconstrução de pontes que ligam muitas localidades e foram obstruídas e levadas com a enchente, porém, o trabalho foi perdido. Neste fim de semana, novamente chuvas fortes ocasionaram deslizamentos, quedas de cabeceiras e pontes e bueiros obstruídos, causando bloqueios totais ou parciais de vias. As capatazias responsáveis por região trabalham nos locais com maquinário adequado para o serviço. Se as condições climáticas estiverem favoráveis, o trabalho prosseguirá sem interrupções até que a passagem esteja livre para que o trânsito seja retomado o mais breve possível.
Pavilhões são Sebastião Mártir (local de doações e de entregas para quem precisa) (cédito: Daiana Nervo/assessoria da prefeitura)
Prefeitura e ajuda
Outro ponto importante é a RSC-287, que liga Venâncio Aires a Vila Mariante, e a Região Metropolitana. A via está destruída em cinco pontos, entre os kms 53 e 61. Um grupo de empresários busca a união de esforços para construir uma via secundária emergencial. Após ouvir as alternativas, a Administração Municipal convocou reunião com representantes da concessionária Rota de Santa Maria, que administra a rodovia, para definir os rumos da obra. A empresa deve iniciar os trabalhos de reconstrução ainda nesta semana.
Em Vila Mariante, o prefeito de Venâncio Aires Jarbas da Rosa e o chefe da Defesa Civil Municipal Luciano Teixeira realizaram a primeira incursão na semana passada. A travessia realizada de barco durou cerca de 50 minutos. Mais de 4.800 pessoas precisaram deixar suas casas na localidade. Com forte cheiro, galhos caídos, árvores e postes derrubados sobre as vias e praticamente nenhuma construção intacta, o cenário é desolador, classifica o prefeito. A pé, a dupla percorreu prédios públicos, como Postos de Saúde, Capatazia e a Escola Mariante. Após vistoria in loco, a preocupação é com as imagens e notícias que chegam às famílias desabrigadas. Para isso, o prefeito conversou com as pessoas nos abrigos de linha Mangueirão e Estância Nova, comprometendo-se com uma alternativa de residência fora da Vila Mariante até que seja possível buscar um novo local definitivo para essas famílias. Os locais continuam alagados, sem passagem.
O funcionamento das unidades de saúde de Venâncio Aires está sendo normalizado. Todos os postos estão abertos, com exceção da unidade de Vila Mariante que foi atingida pela enchente na localidade. Conforme o secretário municipal de saúde Alan Flores da Rosa, somente a unidade de Vila Deodoro está sem atendimento, devido a funcionários estarem com problemas de deslocamento por conta das enchentes. Conforme o secretário, em Venâncio Aires, entre os resgatados das enchentes, nos diversos pontos, 35 foram encaminhados para atendimento médico, sendo 19 na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), e 16 para o Hospital São Sebastião Mártir (HSSM). A maioria dos casos que precisaram de atendimento eram de hipotermia, por conta das baixas temperaturas e do tempo que permaneceram na água ou molhados.
A Secretaria do Meio Ambiente iniciou o mutirão de recolhimentos de entulhos nas áreas atingidas na parte baixa da cidade, especialmente nos bairros União, Morsch e Brígida. Até o momento, já foram retirados mais de 50 cargas de entulhos, totalizando 70% do total previsto. Uma equipe da Prefeitura, além de oito caminhões garra e uma retroescavadeira PC fazem a retirada dos entulhos que estão empilhados nas calçadas. Além disso, 20 soldados e um tenente do 7º Batalhão de Infantaria Blindada (7º BIB) de Santa Cruz do Sul auxiliam na organização e limpeza do município.
Após a enchente da última semana, que causou destruição e grandes volumes de perdas em Vila Mariante e na parte baixa de Venâncio Aires, os trabalhadores que foram atingidos pela água têm o direito de solicitar o seu “Atestado de Enchente”. O documento é destinado para as pessoas que precisarem justificar a ausência ao trabalho nos períodos de alagamento e foi viabilizado pela Prefeitura de Venâncio Aires.
O telefone da Defesa Civil é o (51) 93505-5953 e do Corpo de Bombeiros é o 193.
Orientação: Professor Guilherme Carvalho
Camila Sehn é estudante de jornalismo da Uninter.
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